Jacqueline Aronis
Jacqueline Aronis é licenciada em Educação Artística pela Fundação Armando Álvares Penteado- FAAP, especializou-se em gravura no Programa de Pós Graduação da Slade School of Fine Art, University College London- UCL, em Londres e é doutora em Artes pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo- ECA-USP. Lecionou no Instituto Europeu de Design- IED e na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Escola da Cidade de São Paulo- AEAU. Reside e trabalha em São Paulo, onde ministra cursos de desenho em ateliê próprio há 18 anos. Desde os anos 1980 expõe seu trabalho regularmente no Brasil e no exterior. Sua obra está presente em importantes acervos, tais como MAC-USP (São Paulo), Instituto Itaú Cultural (São Paulo), Portland Art Museum (Oregon, EUA), Sapporo International Print Biennale (Japão), Museu Nacional de Belas Artes de Havana (Cuba), Fundación CIEC, Corunha (Espanha).
"Meu trabalho contém uma dimensão lírica que se traduz em rapidez e leveza mas que não é superficial, que também não é sintética. O máximo possível ou o mínimo possível; o indizível é o limite da minha gravura.
Os procedimentos técnicos me inspiram e são um apoio enquanto executo a gravura. Meu imaginário requer que eu passe pelos procedimentos, entendidos como doadores de ritmos, de timbres. Os instrumentos de gravação oferecem resistências diferenciadas, eles são para mim portadores de sentimentos e percepções. Os tempos dos procedimentos também são os da produção da imagem.
Tenho estado conectada com os elementos da paisagem, não só da paisagem como conjunto, mas com os elementos que fornecem contorno, mapeamento, transição pelo espaço, e também com as conexões do tempo e do espaço.
A possibilidade de trabalhar as qualidades das linhas é o que me interessa: prefiro o nítido à construção da imagem como aparato sobrecarregado. Gosto de ver a figura surgir na matriz e depois na estampa, em diálogo constante.
Para mim, o sonho funciona como um lugar de geração de imagens; quando estou envolvida com o que estou produzindo ou mesmo quando não estou fazendo gravura, elaboro imagens, e os sonhos me trazem de uma maneira plena indagações que têm a nitidez dos procedimentos plásticos. Meus sonhos são muito coloridos e criam panoramas, paisagens, objetos. Do sonho o que fica não é apenas uma imagem, mas o sentimento que a acompanha.
A gravura é fundamental para mim porque ela apresenta inúmeras possibilidades na elaboração das imagens. Penso o ateliê como um lugar de encontro, de inspiração, e nele a gravura propõe uma prática complexa. É da confluência no complexo que decorre a reflexão. Por isso, vejo a gravura como reflexão e não como reprodução de imagens."
Jacqueline Aronis