“A série foi desenvolvida em suporte não convencional da minha produção no campo da pintura: chapas de alumínio. O material é utilizado frequentemente como revestimento em obras arquitetônicas e é conhecido como ACM (Aluminium Composed Material). De tal forma, encaro uma aproximação e relação com a indústria.
A curiosidade em explorar o alumínio enquanto meio de expressão surgiu quando entrei em contato com resíduos vindos da indústria. Me chamaram atenção as cores que o material ganhava através da luz refletida e tive vontade de explorá-las por meio desses suportes. Entre opacidades, reflexos e brilhos, procurei deixar fluir o espaço e me aproprei de suas cores e texturas. Explorei, ainda, algumas placas que, por propriedade, são reflexivas – funcionam como espelhos.
O processo se dá em selecionar as chapas e indicar quais farão parte da composição, pensando em suas próprias cores e nas possíveis relações de dimensão. Nessa série, em específico, padronizei algumas dimensões das chapas nas sequências de Leonardo Fibonacci, que estabelecem a proporção do número de ouro.
Na série “Avanços e Retrocessos” exploro tanto a linha enquanto pigmento, buscando a força linear, além de enfatizar as estruturas do campo com furos e linhas formadas pela retirada de material. É uma investigação dentro da minha própria produção.
Convido, assim, o observador a perceber o espaço gerado através das cores, linhas, cortes e retiradas de materiais.”

Ricardo Bueno