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1 pergunta, 5 artistas


Fizemos a mesma pergunta para 5 artistas.

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Qual a sensação, como se sente quando está produzindo no seu espaço de trabalho?  

Veja o resultado abaixo.  ;)

 

"O meu espaço de trabalho é o lugar onde me encontro comigo mesma; lugar de concentração, lugar onde me dedico ao que gosto de fazer e, acima de tudo, lugar onde realizo aquilo que acredito que deve ser feito.
Eu faço meu trabalho artístico porque tenho necessidade de fazê-lo - esteja eu alegre ou triste, saudável ou doente...
Geralmente, fico em silêncio mas, isso depende do dia. 

Há momentos em que estou trabalhando que me percebo entrar em um estado de conexão que é meio terapêutico, meio meditativo. 
 
Mas, também gosto de trabalhar com música (rock, jazz, música instrumental, música brasileira etc)."
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"Difícil falar da sensação de produzir no ateliê. Especialmente porque nunca paro de fazer projetos, imaginar soluções, encarar telas sem ideias pré-concebidas. A sensação é contínua.

Talvez seja o momento em que escuto a forma impor caminhos à soluções indefinidas. Quando as formas falam e a obra se termina sozinha. Às vezes esquecida num canto.

Então talvez as etapas sejam um não acabar nunca porque sempre, para mim, mesmo em pensamento, uma obra é inacabada.

Uma televisão com o volume muito baixo me acompanha no ateliê. Ou, então, sem som na maioria das vezes.

Uma anedota curiosa: quando faço alguma exposição em Buenos Aires, sempre uso ateliês de amigos e encontro algum rádio antigo (de válvulas, que em todo ateliê portenho tem) e ligo onde estiver o dial para escutar o que o pessoal ouve. Invariavelmente é Carlos Gardel."
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"Minha relação com o estúdio varia de dia para dia, não tenho uma rotina muito fixa de como me sinto, como me comporto.

Tem uma parte do trabalho que é bastante manual, que é a parte do fazer: quando me sento e preparo as tintas ou outros materiais, depende da técnica que vou usar. Tem primeiro esse momento de arrumação, de preparar o estúdio para o dia, organizar os livros. Aí começa o trabalho. 


Há outros dias em que guardo esses materiais para usar o computador. Uso muito o computador para escanear trabalhos, ter as imagens. Se é um trabalho de ilustração muitas vezes eu faço os desenhos em papel, escaneio e monto o desenho final no computador.

Tenho muitos objetos no meu estúdio, que gosto de ter por perto e ficar olhando. São coisas que eu trouxe de alguma viagem ou de algum passeio em um bairro que fui aqui [a artista vive em Nova York] ou em São Paulo. São tecidos, objetinhos... Recentemente tenho ido bastante para Chinatown, em Manhattan, e gosto muito das coisas que acho por lá, nas lojinhas chinesas. Tenho muitos brinquedos também: um peão do Brasil, bonequinhos daqueles de colocar no dedo pra brincar com criança... Tenho uma máscara que uma amiga me trouxe de Portugal, outro trabalho que ela fez à mão, que é um bonequinho ciclista. Coloco muitas vezes os objetos na parede para entender quais são os temas que me interessam no momento. Nessa mesma parede também coloco os desenhos que tenho feito.

Se passo o dia no computador, é muito comum que no final do dia eu faça algum desenho. Se estou em um dia "bom" faço vários, uma série, desenhos rápidos. 

Faço um planejamento maior quando trabalho com ilustração de livros, essa é uma execução que leva um tempo maior. Meus trabalhos mais espontâneos acontecem depois do trabalho de ilustração, em geral à noite, quando consigo trabalhar até mais tarde. 

Se estou escrevendo e-mails ou elaborando algum texto, não consigo ouvir nada, senão não me concentro. No máximo música clássica, piano. Se estou trabalhando em uma trabalho mais manual, algo que já planejei e estou no momento de execução, então consigo ouvir podcasts. Gosto muito de entrevistas também, de ouvir as pessoas falando. Ouço tanto em inglês como em português - como moro já há algum tempo fora do Brasil, gosto de ouvir coisas do país para saber o que está acontecendo, como podcasts de política. 

Também frequento um ateliê de cerâmica, compartilhado. Nesses momentos, gosto de conversar enquanto produzo, uma conversa ali, depois ficamos em silêncio..."
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"A sensação é sempre diferente.
Gosto de ouvir música. Durante uma época eu ouvia o Köln Concert do Keith Jarret porque me ajudava a harmonizar as cores. O interessante é que, anos mais tarde ele me ajudou a sair de um bloqueio criativo."
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"Num primeiro momento é no plano mental onde tudo acontece. Pode surgir como uma forma, uma cor, uma atmosfera (se é sombrio, misterioso, se é solar) ou a combinação de vários elementos. Mas é ainda muito vago... Até que as coisas tomem forma é que é o grande lance de você conseguir ir desenvolvendo uma imagem "real" daquilo que esta lá na sua cabeça. Até que isso aconteça pode demorar... 
Nesse processo todo é na minha cama o meu ponto de primeiras ideias, com tudo espalhado, papéis, recortes de todos os tipos, lápis, etc... e claro, na companhia de meus gatos. Enquanto a coisa vai tomando forma a mesa de jantar se torna um ponto com muitos livros abertos, muitas referências. A mesa de apoio do ateliê fica tomada por vários tipos de papéis, pilhas de coisas de interesse do momento. Bem, só quando a coisa esta pronta, aí sim vou me sentar na mesa de trabalho, e é então que aquela ideia inicial começa realmente a tomar forma. É quando a cabeça fica totalmente envolvida num universo só meu."

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